segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa (1901-1985), poeta mineira considerada pela crítica um dos grandes nomes da lírica modernista, dedicou-se à poesia, ensaios e traduções. Nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 15 de julho de 1901, filha do farmacêutico e deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria Rita Vilhena Lisboa. Formou-se normalista pelo Colégio Sion de Campanha, MG, e, em 1924, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Dedicou-se à poesia desde muito jovem. Com Enternecimento, publicado em 1929, de forte caráter simbolista, recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras. Aderiu ao Modernisno por volta de 1945, fortemente influenciada pela amizade com Mário de Andrade, com quem trocou rica correspondência entre os anos de 1940 e 1945. Sua produção inclui, além da poesia, inúmeras traduções, ensaios e antologias. Foi a primeira mulher eleita para a Academia Mineira de Letras em 1963.

Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Foi professora de Literatura Hispano-Americana e Literatura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica (Puc Minas) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Poeta sensível, dedicou sua vida à poesia. Considerada um dos grandes nomes da lírica modernista pela crítica especializada, Henriqueta manteve-se sempre atuante no diálogo com os escritores e intelectuais de sua geração e angariou muitos leitores ilustres durante sua vida, dentre eles Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Gabriela Mistral.

Sobre sua poesia, Drummond nos deixou o seguinte testemunho: “Não haverá, em nosso acervo poético, instantes mais altos do que os atingidos por este tímido e esquivo poeta.”

Henriqueta faleceu em Belo Horizonte, no dia 9 de outubro de 1985. Seu Centenário foi comemorado ao longo do ano de 2002 e, além de inúmeros eventos culturais em sua homenagem, várias reedições de sua obra foram feitas com o objetivo de revelar a força de sua poesia para os jovens de hoje.



Vem, doce morte


Vem, doce morte. Quando queiras.
Ao crepúsculo, no instante em que as nuvens
desfilam pálidos casulos
e o suspiro das árvores - secreto -
não é senão prenúncio
de um delicado acontecimento.


Quanto queiras. Ao meio-dia, súbito
espetáculo deslumbrante e inédito
de rubros panoramas abertos
ao sol, ao mar, aos montes, às planícies
com celeiros refertos e intocados.


Quando queiras. Presentes as estrelas
ou já esquivas, na madrugada
com pássaros despertos, à hora
em que os campos recolhem as sementes
e os cristais endurecem de frio.


Tenho o corpo tão leve (quando queiras)
que a teu primeiro sopro cederei distraída
como um pensamento cortado
pela visão da lua
em que acaso - mais alto - refloresça.


Alunos: Anna Luiza e Marcos Souto

11 comentários:

Unknown disse...

Poetisa de primeira, reconhecida pelos amigos.
Entre todos eles: Manuel Bandeira e Alphonsus de Guimaraens Filho.
Pelo seu ser e por suas obras, era reconhecida.
Obras... Como "Poemas" e "Lírica".
Mineira de nascimento, frases para toda vida...
Henriqueta Lisboa, elogiada pela crítica.
Jéssica Nunes e Priscilla Macedo

Lucas Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Henriqueta Lisboa teve contirbuição fundamental na história da língua portuguesa, afinal foi um dos maiores poetas do país. Não se destacou em nenhum estilo específico, como o modernismo, que estava em alta na sua época, e sim "criou" o próprio estilo.

Matheus e Arthur

Unknown disse...

Mulher de garra e uma ótima influência na Língua Portuguesa. Começou a escrever muito jovem e ganhou vários prêmios ao longo de sua carreira.
Este poema postado é belíssimo, nos traz as belezas da natureza, algumas em que nós não conseguimos perceber por causa da correria do dia-a-dia.

Postado por: Joana Luiza e Sarah Villian

Lucas Ramos disse...

Lindo poema de Henriqueta Lisboa , revelando as espetaculares belezas da natureza . Revelando detalhes que nem percebemos no dia-a-dia , mas que nem por isso deixam de ser magníficos .

Daniel e Lucas

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Henriqueta Lisboa foi uma grande poetisa, bem reconhecida em sua época e ainda mais reconhecida atualmente. Foi solitária por isso se dedicou bastente ao ofício.

Thays Pires

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Henriqueta Lisboas foi uma doce menina que se dedicou a poesia, onde retratava as belezas que a natureza nos proporciona. Teve grande influência da língua brasileira,pois é considerada uma das maiores poetas do Brasil.

Isabella Cristina Borges de Oliveira - 11
Larissa Guimarães Carvalho - 18

Unknown disse...

São belas palavras, Henrique Lisboa soube passar pra nos uma imagem de uma morte suave, doce, delicada, de um jeito muito diferente do que nos estamos acostumados a pensar.

Vinícius Caetano e Felipe Porto

Marcos disse...

Em seu poema, Henriqueta Lisboa tenta nos passar a idéia de que a morte é tão natural quanto paisagens e o despertar dos pássaros na madrugada.

Anna Luiza e Marcos

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